13.5.09

Menina de triste olhar


"Para onde vais menina de tão triste olhar? Não fujas, quero ouvir a tua história… o que te levou a fazer da rua a tua casa, deambulando pedindo esmola?
Vem, senta-te um pouco aqui comigo, recuso-me a deixar-te ir sem compreender, recuso-me a ser indiferente à tua situação.
Por isso diz-me, ajuda-me a entender…porquê esse olhar amargurado? Onde está a tua mãe para te aconchegar à noite, ou as tuas amigas para contigo brincarem?
Mas ela, nada diz...no seu olhar a derrota e a descrença são as únicas respostas que obtenho. Não devia ser assim, apenas o brilho da inocência e do sonho, os seus olhos deviam reflectir.
Ela larga a minha mão e corre, corre voltando a confundir-se na paisagem citadina. Aquele corpo tão franzino não deveria consigo transportar tamanha tristeza, alguém de tão tenra idade deveria ser capaz de acreditar ainda em contos de encantar, e não de se ver confrontada com a dura realidade.
Corri também eu atrás dela sem a encontrar, não a tornei a ver, mas constantemente a revejo mentalmente, constantemente sinto necessidade de conhecer o seu passado e de saber como está para poder sossegar o meu coração e constantemente apenas encontro o sentimento de impotência, face a ela, e a tantas outras crianças e velhos, mendigos a quem a sociedade vira a cara e opta por ignorar…"

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